Vou escrever hoje uma coluna espinhosa. Difícil de escrever, mais ainda pela repercussão que minha coluna tem no Rio Grande.É que nosso Estado, pela primeira vez em sua história, tem dois governos.O primeiro governo que vem tendo nosso amado Rio Grande é uma teia de escândalos que pareciam em determinado momento não cessar mais, depois que se revelaram escabrosos os fatos de corrupção em torno do Detran.É indiscutível que houve corrupção grossa no Detran.Há até réus confessos no processo do Detran.Apesar de tanto o escândalo do Detran quanto as outras denúncias ou acusações políticas que foram feitas à governadora nunca, em nenhum momento, terem sido corporificados, comprovados juridicamente, no que se refere ao envolvimento pessoal da governadora em tais ilícitos concretos ou presumíveis, o governo viveu e viverá horas tormentosas para rebater as acusações.O segundo governo que vivemos atualmente no Rio Grande é o governo real que estamos tendo, o governo que conseguiu a façanha de chegar ao déficit zero, o governo que consolidou a herança do governo anterior, tirando da falência o Instituto de Previdência do Estado, sob cuja sombrinha se abrigam 1 milhão de associados e dependentes. Já se pode imaginar o que seria do sistema gaúcho de saúde em geral se ficassem órfãos de assistência 10% da população rio-grandense.O segundo governo, apesar das atribulações que sofre com o mar de denúncias e acusações, cometeu a façanha de iniciar o pagamento dos precatórios. Início tênue e tímido, mas o pagamento dos precatórios tinha sido transferido para as calendas, o que significaria em outras palavras a falência do Judiciário gaúcho, eis que, se a Justiça manda pagar os precatórios e o governo não paga, isso é a desmoralização da Justiça e consequente desmoronamento da sociedade.Além dessas façanhas, acossado pelas denúncias, o governo tem cumprido investimentos em diversos setores e, diante do caos que se transformara a educação estadual, o setor vem sendo gerido mais que a contento.E, se é verdade que esta coluna sempre reclamou contra a miséria dos não reajustes dos servidores estaduais, no entanto a governadora pagou inteiramente a Lei Britto aos funcionários públicos e deu aumento às categorias que não foram contempladas por tal diploma.Nesse ritmo, em face dos escândalos das denúncias que pipocavam todos os meses e todos os anos, de todos os lados, o quadro de horrores que o governo tentava administrar o próprio Pedro Américo não pinta.E ainda assim a governadora teve ânimo ontem à tarde para anunciar mais uma reforma do seu secretariado (este governo Yeda já mudou mais de secretários do que o Fluminense muda de treinador).E, entre os novos secretários que entram, está um nome animador, impavidamente entusiasmante, o de Otomar Vivian para a chefia da Casa Civil.Em outras palavras, coordenará a política do governo e talvez a política do secretariado, nada mais, nada menos, do que Otomar Vivian, o homem responsável por tirar o IPE dos escombros e elevá-lo ao céu do atendimento total ou quase total na saúde e talvez tornando viáveis aquelas aposentadorias que já tinham se tornado impagáveis.Em razão disso tudo, quero declarar aqui nesta coluna o que muitos discordam, mas muitos também concordam, porém não têm coragem de declará-lo em face da fuzilaria inclemente que vem sofrendo a governadora, quero declarar, repito, que este governo estadual que temos hoje no Rio Grande é um bom governo.
E, se não me escalpelassem e atirassem meu cadáver da sacada do Piratini, eu declararia que temos um ótimo governo.
* Texto publicado na página 67 de Zero Hora de 03/09/2009
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